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Dia 275 – Salisbury & Stonehenge

27 set

  

O objetivo era chegar em Stonehenge, indo de ônibus é preciso trocar de ônibus em Salisbury.  Aproveitei o pit stop prá conhecer essa medieval cidadezinha de interior. Muitas construções lindas entre um pub e outro. Tem também a catedral com a torre mais alta do Reino Unido e 365 janelas, uma pra cada dia do ano, a Salisbury Cathedral. Como me empolguei com o solzinho da primavera inglesa e fui de mini saia, fui barrada na entrada da igreja. Mas não foi só eu que se empolgou, muitos ingleses estavam deitados no gramado em volta da igreja tirando o bolor de muitos meses.

“Deus é um círculo cujo centro está em todos os lugares e cuja circunferência não está em lugar nenhum”

O que foi exatamente Stonehenge nem Deus sabe dizer, afinal foi construído a partir de 3100 aC. Estudos indicam que suas pedras, de até 45 toneladas e 5 metros, foram trazidas de 400 quilômetros de distancia e não me pergunte como.

  

Hoje, Stonehenge é Patrimônio da Humanidade da Unesco, é possível circular as pedras, mas não chegar perto e só até as 18h, uma pena porque o por do sol ali renderia um ótimo cenário para as fotos. Somente um dia do ano é possível chegar perto do monumento, no dia do solstício de verão.

Foi construído para rituais religiosos, o lugar de cada pedra tem relação com os movimentos do sol e da lua. Sagrado ou profano, passado e presente, racional e espiritual, altar de batismo ou cemitério celta… tudo pode se relacionar com os mistérios de Stonehenge, que como seu formato em círculo, não se explica o começo nem seu fim. Stonehenge é mais que um monumento, é um mito, é místico, é história e é lenda. Hoje, como um círculo, une pessoas do mundo inteiro questionando seus mistérios, uma unidade da humanidade!

Fotos em: https://skydrive.live.com/?cid=3924b9c3726c9d09&sc=photos#cid=3924B9C3726C9D09&id=3924B9C3726C9D09%2122705&sc=photos

Dia 274 – Bournemouth

26 set

Um mar de presente!

A 90 minutos de trem ou 1 hora e pouco de ônibus se chega a Bournemouth, eu preferi ver a estrada da janelinha do ônibus por ser a opção que me poupava alguns pounds. Até então eu não sabia da existência desse pedaço de terra junto ao mar e até hoje não sei pronunciar direito seu  nome, descobri graças ao Nailton, um amigo brazuca que escolheu morar no litoral sul da Inglaterra. Dia do meu aniversário, nada melhor que me dar de presente um dia com um amigo, de tomar a cerveja inglesa em companhia e com muitos brindes, de caminhar olhando o mar, uma conferência telefônica com duas amigas muito queridas, vários emails, skype com a família, de ter uma feijoada com amigos dos meus amigos e ainda um bolo surpresa e uma noite num quarto de hotel depois de tantos meses compartilhando hostels, trens e quartos! Parabéns prá mim! Dia com poucas fotos mas muitas emoções e uma canção que transformei em minha oração…

Canção do exílio

“Minha terra tem palmeiras, onde canta o sabiá; as aves, que aqui gorjeiam, não gorjeiam como lá. Nosso céu tem mais estrelas, nossas várzeas tem mais flores, nossos bosques tem mais vida, nossa vida mais amores. Em cismar, sozinho, à noite, mais prazer eu encontro lá, minha terra tem palmeiras onde canta o sabiá… Não permita Deus que eu morra, sem que eu volte para lá, sem que disfrute os primores que não encontro por cá, sem que ainda aviste as palmeiras, onde canta o sabiá.” (Gonçalves Dias)

Brindando ao horror!

Entre os 11 quilometros de orla de Bournemouth está enterrada Mary Shelley, a escritora do monstro emo do romance gótico Frankenstein, ela que nunca tenha vivido na cidade escolheu aqui prá ser enterrada. Em frente a igreja onde está o corpo de Mary está também o pub com seu nome, como estou em terras inglesas, fiz como os ingleses, e escolhi prestigiar o pub. Mary escreveu a história do monstro de franja aos 19 anos. Eu, celebrando meus 37, brindei meu aniver.

Fotos em: https://skydrive.live.com/?cid=3924b9c3726c9d09&sc=photos#cid=3924B9C3726C9D09&id=3924B9C3726C9D09%2122626&sc=photos

Dia 254 – Dublin – Saint Patrick´s Day

16 jul

Uma dose pro santo

Ninguem precisa ser irlandes e todo mundo vira irlandes no dia do xara Sao Patricio. O lance é usar algo laranja ou verde, ou se for exagerada como eu, pintar a cara, colocar peruca, vestir a camisa, tomar uma Guinness e logico… derramar uma pro santo. A festa nao tem muito de religiao e nesse caso, a bebedeira, a festança e algum pecado também está liberado. Inclusive a festa do dia 17 de março este ano foi no meio da quaresma, algo que num país majoritariamente católico é prá ser considerado, mas no dia do padroeiro os fieis sao excepcionalmente perdoados. Nós, no time dos pobres pecadores, tivemos algumas bebidas confiscadas pela Garda, a PM da terra do Leprechaun, mas  no final da festa o saldo, quero dizer, o teor alcoolico, foi bem positivo.

Tudo azul, de norte a sul

A cor original da festa era azul, mas acabou mudando pro verde que é a cor do trevo de quatro folhas que Sao Paddy usou pra falar sobre a trindade: Pai , Filho e Espírito Santo. Amem. A cor mudou mas a festa continua a ser celebrada de norte a sul da Irlanda, Inglaterra, Escocia e algumas partes dos Estados Unidos com emigrantes irlandeses. Alguns pubs em Sao Paulo e no resto do mundo aproveitam a deixa pra vender mais Guinness.

 

Mata a cobra e mostra o pau!

A data em que atualmente ocorre o desfile-meia-boca e a festança-tudo-de bom é a data da morte do santo, 17 de março de 461. Até devo ter estudado mais sobre o santo que expulsou a cobra e mostrou o pau mas em homenagem ao proprio to tomando uma e nao garanto tudo o que tá aparecendo na tela. Garanto que graças aos tres mosqueteiros que vieram da Espanha pra festa (Julius, Rafael e Carlos) mais meus fieis companheiros (Digs, Gus, Ana, Dan, De, Julia, Maureen) nossa comemoraçao foi muito boa! E viva Sao Patricio!

Photos: https://skydrive.live.com/?cid=3924b9c3726c9d09&sc=photos#cid=3924B9C3726C9D09&id=3924B9C3726C9D09%2121805&sc=photos

Dia 210 – Dublin

10 mar

No meio do movimento

Politica e historia nao sao bem a minha praia, mas como to fazendo parte da historia me antenei um pouco no movimento pra escrever algo e movimento é a palavra! Lembro a primeira vez que cogitei vir a Irlanda, pesquisei algo e me empolguei com as respostas na minha tela que falavam de uma Irlanda em plena ascençao, eis que um ano depois, já com o passaporte na mao comentei com um colega do plano e ele me perguntou… O que voce vai fazer num pais em plena crise… mais um tanto de pesquisa pra entender que eu estava a caminho do “i” dos paises que queimam o filme da comunidade europeia, os p.i.g.s. (Portugal, Irlanda, Grecia e Espanha).

Nao dava pra dar um editar e voltar, meus planos continuaram e me lembro quando falei pro meu pai que ia pra Irlanda, ele comentou… ´é…um país de muita briga´. E… aqui estou, no meio do movimento, sobe e desce, auge e declinio, emigracao e imigracao, dissolucao do atual governo e convocacao de novas eleicoes. As brigas ja sao muito mais brandas do que já vimos um dia pelo Jornal Nacional, mas a sensacao é que o povo nao engole calado o que é imposto. É impossível resumir num paragrafo o que acontece na ilha, entao…

Senta que lá bem historia

Uma historia de briga como bem lembrou seu Benito-meu-pai e de sangue como cantou U2 em sunday bloody sunday, mas tambem uma historia de orgulho e determinacao.

Os celtas, vindos da Europa Oriental, chegaram aqui 300 antes de nos-sinho-jesuis-cristinho, controlaram a area por mais de 1000 anos e deixaram uma cultura pra la de mil, que ate hoje é lembrada. Os romanos nao conseguiram tomar conta do pedaço e a regiao foi avancando em comparacao com outras partes do velho continente. No século 5, a Irlanda foi convertida ao cristianismo por sao Patrick, mas isso merece um post exclusivo. Bom, lá pelo século VIII os vikings chegaram com tudo, saqueando e chifrando quem passasse pela frente, fundaram Dublin.

Em ano sugestivo de 1169 chegaram os ingleses e o poder tava nas maos de um tal de Henry VIII e Elizabeth I, os irlandeses se dividiram em varias tribos e em duas familias reais e rivais . Em 1175, o rei Henrique II determinou ocupar a area. Dai comecou o martirio dos irlandeses, os ingleses controlaram Dublin e regiao. Até 1494 contaram com a ajuda de uma familia de condes, os FitzGerald, que eram os vice reis da ilha, em 1297 foi fundado o parlamento irlandes mas… subordinado ao ingles até 1782.

Enquanto isso na igreja…

Apos a reforma protestante a relacao entre o governo ingles e os tais condes irlandeses ficava cada vez mais dificil e so pra ajudar em 1534, Henrique III da Inglaterra separou-se de Roma e tornou-se chefe da igreja anglicana. Os irlandeses, catolicos ate debaixo d´agua, consideraram uma heresia e reagiram. Resultado: um dos condes rebelou­-se e foi executado. Para mostrar ainda mais quem mandava no pedaço, Henrique III aprovou uma lei que fez as terras irlandeses pertencerem a ele, simples assim. so as receberia de volta quem jurasse fidelidade e a cada motim irlandes mais terras eram tomadas e os catolicos perderam muitas terras o que resultou numa guerra economica: o comercio de la, que competia com o ingles, foi proibido, a ilha era fertil mas ficou na pobreza.

Ainda nao satisfeitos, os ingleses queriam acabar com a cultura gaélica e proibiram o idioma. Os artistas, poetas e harpistas foram exilados. E a vinda dos escoceses e ingleses protestantes foi incentivada. Ainda assim a Irlanda nao perdeu sua força e fé.

Os irlandeses nao engoliram bem toda esse domínio e em 1641 aconteceu a primeira briga sangrenta, a Guerra Civil de 1641-9, a Revolucao Puritana, os irlandeses nao perderam a chance e formaram a Confederacao de Kilkenny, coligaram os gaelicos, normandos, altos membros da igreja e pediram a devolucao das suas terras. O parlamento era liderado por Oliver Cromwell, o parlamento foi vitorioso e o rei executado. Na sequencia… uma represalia e dois massacres. Cromwell ficou conhecido como butcher, isso mesmo, açougueiro!

Meio seculo depois outro conflito: 21 mil soldados do lado catolico e 35 mil protestante, com a derrota dos papistas, a Irlanda perdeu as esperancas, vieram as leis protestantes que tornaram o catolicismo um crime. As leis que proibiam os catolicos de herdar terras, ter suas escolas, mandar filhos pra fora do pais so foram abolidas em 1828.

Tem males que vem para o bem

Proibidos de falar em gaelico, os irlandeses contribuiram para que nascesse na Irlanda 4 dos maiores escritores da língua inglesa: Johnathan Swift, das “Viagens de Guliver”, George Bernard Shaw , Prêmio Nobel de 1925 e maior teatrologo da Inglaterra , William B. Yeats, Prêmio Nobel de 1923 e James Joyce autor de “Ulisses”.

Logo mais, mais!

Dia 208 – Howth

9 mar

É mais em cima

Já tinha ido a Howth uma vez, com Gustavo, Felipe, Haryana e Nubia e
ficamos pela vilinha, passeando de um lado para o outro na passarela que margeia o frio oceano, fotogrando os garotos propaganda do pedaco, os leoes marinhos, visitamos as ruinas do que um dia foi um castelinho e almocamos num dos deliciosos restarauntes de frutos do mar tipicos do pedaço. Hoje, queriamos ir mais em cima!


Howth fica a meia hora ou 15 quilometros de Dublin, é acessivel por DART (o meio-trem-meio-metro daqui) ou pelas linhas de onibus 31, 31b, 31c e em qualquer meio de transporte é bem acessível tambem financeiramente… 4,40 o bilhete de ida e volta. Nem por isso o destino deixa de ter seu valor, a vila tem uma area residencial vip e alguns moradores ilustres como o baterista do U2 e um dos integrantes do Cranberries.


Pra quem quiser ir pra vilinha, ver o mar, passear pela feirinha que rola aos domingos, almocar, o Dart é uma boa opcao, já quem quer ir mais alto, como nós dessa vez, vale ir de onibus e parar lá em cima, perto do pico!

Howth é o pico!

Dessa vez a intencao era conhecer os cliffs de Howth, carinhosamente apelidados de cliffizinhos quando comparados ao Cliffs of Moher, a menina dos olhos da Irlanda, mas que conto mais pra frente pra causar mais suspense… Dessa vez saimos de Dublin: eu, Gus, Digs, Dan e De com um céu encoberto e na esperança de um dia de sol e… shazam! sim, o sol brilha pra todos, inclusive pra nos nesse pedaco de ilha! Chegamos com um dia lindo mas devidamente agasalhados, afinal, aqui nao ha relacao entre sol e calor. Agora era hora de jogar o medo de altura penhasco abaixo, olhar por onde anda, dar uma espiadinha de pescoco e deixar a emocoes e interjeicoes fluirem!

Visao panoramica… ativar!

O negocio é limpar a retina, arregalar o olho e vislumbrar o marzao que rodeia as falesias. A trilha nao tem muita sinalizacao nem protecao, uma placa indica que é perigoso e that´s all, nenhum corrimao, corda, nem pra constar que a morte pode estar a um passo. Pronto, bati na madeira aqui e vamos que vamos, isso inclui, nos perder e atravessar um atalho no meio de um umido matagal, ate que foi tranquilo se acreditar que nao ha mesmo cobra no país.

Mata a cobra e mostra o pau

Reza a lenda que foi o que meu xara, o São Patricio, fez na Irlanda, expulsou da ilha cobras e baratas, logico que os devotos de outro santo, o Tome, precisam ver pra crer, e fico nesse time ate segunda ordem. Meu medo de cobra caminha comigo, ainda mais no meio do mato. Outros do time dos céticos vao dizer que há uma explicacao cientifica ou que as cobras nao sobreviveram ao clima gelado. Ate explicar… Por falar em gelado, hora de tomar uma, repor a energia da caminhada e voltar pra casa onde a Ana nos esperava com um strogonoff, glu glu, yeah, yeah… so pode ser pegadinha do Malando!

Fotos em: http://cid-3924b9c3726c9d09.photos.live.com/browse.aspx/Dia%20208%20-%20Howth%20-%20Cliffs

Dia 207 – Dublin

8 mar

Tem gringo no samba!

Ja comi feijoada na tarde de sabado ouvindo sertanejo, ja fui ao pagode semanal aqui as quartas e domingos, ja escutei brasileiro fazendo barulho em festinha, e os conterraneos que me desculpem, surpreendente mesmo foi ver uma legitima roda de samba feita pelos irishes, com cavaco, viola, tamborim, caipirinha, bandeira do Brasil e samba no pé. O grupo chama Canta Brazil e se apresenta um vez por mes em Dublin. Da pra matar a saudade e se orgulhar da boa musica e gingado brasileiro. É coisa de bamba, pra nao deixar morrer, nem o samba nem essa troca de culturas e integracao entre os povos, falando uma mesma lingua, o som do samba! É a vida… é bonita e é bonita!

Fotos em: http://cid-3924b9c3726c9d09.photos.live.com/browse.aspx/Dia%20207%20-%20Dublin%20-%20Canta%20Brazil

Dia 195 – Dublin

8 mar

Dublin by night

Que o maior atrativo da noite de Dublin sao os pubs ninguem discute e ponto final, mas antes de entrar num dos mil pubs (que vem da palavra public), se deleitar do vinho irlandes, a cerveja escura e robusta e esquecer da vida vale dar uma caminhada a noite pela Dublin restaurada na década de 60, pra admirar as construcoes moderninhas e as luzes da cidade refletidas no rio.

O olho irlandes

Nessas andanças noturnas fomos ver a cidade de outro angulo, do alto da roda gigante de Dublin, tudo bem, nao é lá tao alta, mas tem cumprido seu papel pra cidade entrar no modismo dos eixos que tem feito outra capitais tambem rodarem (London Eye de Londres, Wiener vienense, a Grande Roue de Paris e ate uma que apareceu na capital carioca mas nao sei se sobreviveu). A Dublin Eye ou Wheel of Dublin fica ao lado do O2, normalmente custa 9 euros, mas se entrar em promocao de novo pelo city deal sai por 4! sorte nossa, poupamos o cincao pra pint!

O som da ilha esmeralda

Mais que a voz do Bono, um som que representa muito mais a Irlanda é a harpa e lembrei dela agora porque o instrumento é onipresente nos simbolos da cidade e inclusive em forma de ponte que une as margens do Liffey, vale incluir na caminhada, tanto de dia quanto a noite. Hoje a harpa é mais artigo de decoracao e inspiracao dos logotipos da Guinness, Ryanair, moedas, jornais e time de futebol, mas nos tempos de dominacao britanica
foram outros os sons que ecoaram: as harpas foram banidas e queimadas, hoje estao de volta como simbolo de independencia e resistencia. Que os irlandeses continuam a dedilhar bem sua brava historia!

Fotos em: http://cid-3924b9c3726c9d09.photos.live.com/browse.aspx/Dia%20195%20-%20Dublin

Dia 196 – Dublin – Brasil

8 mar

Agora tanto faz, estou indo de volta pra casa

Mais um pause no meu filme pra uma ida ao Brasil. Rebobinando um pouco a fita, antes que pensem que tenho uma plantacao de euro no fundo do quintal, essa minha segunda ida a patria amada nao tava no gibi nem no roteiro, meu projeto era ficar um ano totalmente fora, me soltar um pouco das raizes, dos legados, me desligar… se Deus escreve certo por linhas tortas nao sei dizer, da minha parte tive que entortar o roteiro e reescrever por linhas tortuosas meu plano depois da morte do meu irmao. Ao inves de me soltar me liguei mais e mais as minhas raizes, minhas bases, meus elos, minhas forças, fiquei fora mas cada vez mais com as pessoas que amo por dentro e dei um pulo ao Brasil pra juntosuperarmos o periodo de natal .

Nos esforçamos pra superar as lembrancas, nos proibimos algumas palavras, censuramos algumas emocoes mas sabemos que… mudaram as estacoes…

“…eu sei que alguma coisa aconteceu, tá tudo assim, tão diferente, se lembra quando a gente chegou um dia a acreditar, que tudo era pra sempre sem saber, que o pra sempre sempre acaba, mas nada vai conseguir mudar o que ficou, quando penso em alguém só penso em você… não tem explicação, explicação, não tem explicação, não tem, não tem…” (Cassia Eller)

É pau, é pedra…

Fiquei trinta e poucos dias num Brasil (mais um ano) devastado pelas aguas que nao sao so de março, com tanta chuva caindo em sao paulo e rio, engoli em seco minhas reclamacoes de uma Dublin que nao tava preparada pra neve que vi no comeco do mes de dezembro.

Bom é partir, melhor mesmo é poder voltar!

Nao tenho link de fotos pra anexar nesse post, nao tive tempo pra grandes badalacoes nem pro corre corre de compras de natal, nao aderi ao circuito das festas de final de ano, amigo secreto e tal… Tive sim tempo de bate papo com minhas amigas nada secretas, disposicao pra correr pro abraco, pra bater perna com minhas primas, muito apetite pro almoco com arroz e feijao, pra bebericar um cafe no copo de requeijao na rede, pra estrada com musica sertaneja rumo a Monte Mor, pra fingir que nao gosto de cocegas so pro meu sobrinho ter mais gosto de me ver gargalhar, tive tempo pro cochilo do sofa de casa que ja envolve meu corpo, pra empurrar a sophia na balança do parque, alegria de pegar estrada rumo a praia com o Mr. Big, chupando bala de goma e dançando a trilha sonora do shrek, do jogo de cartas vendo a chuvinha cair, do churrasco, da cerveja de casco, pizza e japones com amigos, do almoco mineiro com parte da familia, do panetone com margarina, do bolo preto, do chopp tomado na mesinha de calcada, da castanha de caju com pe na areia, do shimeji da Li, da caminhada na noite de verao, do mergulhinho no final da tarde e de observar as ondas quebrando naquele pedaco de mar que eu adocei um pouco com minhas lagrimas.

O fim de uma viagem é o começo de outra

Como tudo o que é bom dura pouco chegou a hora de arrumar a mala de volta, como nao da pra levar tudo e todos dentro da bagagem me contentei em preencher o espaco com feijao, pinga, farinha, fuba… O coracao tambem volta abastecido!

“É preciso ver o que não foi visto, ver outra vez o que se viu já, ver na primavera o que se vira no verão, ver de dia o que se viu de noite, com o sol onde primeiramente a chuva caía, ver a seara verde, o fruto maduro, a pedra que mudou de lugar, a sombra que aqui não estava. É preciso voltar aos passos que foram dados, para repetir e para traçar caminhos novos ao lado deles. É preciso recomeçar a viagem. Sempre.” (Saramago)

Dia 191 – Dublin

8 mar

Dublin, as well!

Tem um ditado que diz que santo de casa não faz milagre, em ingles: “no one is a prophet in his own country”, o country no caso é Irlanda, o santo da casa é o saint Patrick e o milagre era eu tomar uma atitude! Conhecer, escrever, sentir e virar uma turista em Dublin! Com a força divina, proteçao dos céus, de muito agasalho e de uma sombrinha que é item de série aqui em Dublin, parei de reclamar do frio, da garoa, da falta de monumentos e de deixar pra amanha ou pro ano que vem o que eu podia fazer hoje, 05 de dezembro de 2010, e fui ver Dublin com outros olhos!

E abram as portas da esperança!

Até entao eu achava Dublin uma cidade bem cinzenta por causa da arquitetura reta, me passou uma imagem de sisuda nas fachadas de pedra e igual, mas descobri que por trás dessa Dublin ´de cara fechada´, como no abrir de uma das portas que colorem a cidade, é possivel admirar uma cidade bastante colorida, ativa e moderna. A Dublin da roda gigante, das docas reformadas, das pontes refletidas no rio, dos teatros e casas de espetaculos, do centro de congressos com seu luminoso que muda de cor, da fachada dos pubs, da ponte em forma de harpa, do parque considerado o pulmao da cidade… E com todo esse colorido refletido na menina dos meu olhos e com meu pulmao cheio desse ar irlandes fui caminhando, me perdendo e enfim… me achando em Dublin!

Beber, cair e levantar

Falando em colorido ja vou começar falando das minhas queridinhas portas coloridas, acho um charme e adoro ficar andando pela rua e observando a combinacao de cores, já ouvi falar que as portas sao coloridas pra ter algo diferenciado na fachada, já que as construcoes sao similares e tambem já ouvi que como os irishes sao famosos pela bebedeira as portas foram diferenciadas prá ajudar o beberrao a bater ou cair na porta certa e nao na do vizinho.

Falando em vizinho, minha primeira parada foi no meu: Merrion Park, que fica na regiao da Merrion Square, uma das maiores areas georgianas da cidade (estilo de construcao dos anos mil oitocentos e guarana com rolha). Na area ha varios predios importantes, Leinster House (onde fica o primeiro ministro e demais do governo), o Museu de Historia Natural, a Galeria Nacional da Irlanda, uma igreja que parece mais um saleiro e… minha casa! Na mesma vizinhança que Oscar Wilde viveu. Cruzei o parque branquinho de neve e continuei a caminhada entre muitas derrapadas no gelo que já cristalizava.

Olha pra atravessar a rua, menino!

Meu objetivo era chegar ate o Phoenix Park, pelas margens do rio Liffey, o rio que corta e divide a cidade. (Parentesis: nao há nomes de bairro nem codigo postal em Dublin, funciona assim, do lado de la do rio, o lado norte, ficam os bairros impares, e do lado de cá, os bairros pares e… dizem que sao os melhores!) Por todos os lados da cidade podemos observar a indicacao de atentar ao atravessar a rua, ainda confusa com a mao inglesa sempre dou uma certificada na indicacao no chao pra ver pra qual lado devo olhar antes de atravessar.

Portugues-ish-ish

Pra fazer o passeio de hoje coloquei uma selecao de musica celta, U2, The Cranberries, The Corrs, Galway Girl e de vez em quando apertava o pause pra ouvir (ou tentar) a linguagem do povo rosadinho. Ouvidos atentos, já consigo decifrar bem melhor do que quando cheguei o ingles com a batata na boca. Outra lingua oficial da ilha é o gaélico, que até agora nao vi ninguem falando ou entao nem consegui deduzir o que era. Nas indicacoes de transporte, museus, pontos turisticos estao os dois idiomas oficiais e na real o que é muito fácil de escutar aqui é o portugues da patria amada, os brazucas, de todos os cantos, povoaram a ilha em busca das oportunidades da epoca do Tigre Celta.

Ha um Brasil no final do arco-iris!

Continuando a caminhada passei pela Christ Church, Fabrica da Guinness, Museu Nacional e Phoenix Park e Hard Rock Cafe, nao entrei nos dois primeiros points pra ficar com um gostinho de quero mais. Mais uns dias no país verdinho, com a sorte do trevo de tres folhas, acreditando em fadas e Leprechauns vou em busca de uma força no final do arco-iris, logo ali no Brasil e volto ja!

Fotos em: http://cid-3924b9c3726c9d09.photos.live.com/albums.aspx?sa=898803638

Dia 182 – Dublin

17 fev

Uma noite branca!

Hoje foi o dia, ops, a noite da primeira neve do ano, finalzinho de novembro. Eu nao tinha botado fé na previsao metereologica e de repente fui acordada pra viver um sonho: ver cair do ceu a primeira neve da minha vida! Ja tinha visto neve nas montanhas, mas sentir os primeiros floquinhos caindo, molhando uma beiradinha do pijama, fazendo a pantufa parecer ter decoracao de bolinhas, como se tivessem vida propria, fez minha alegria  aumentar como bola de neve! As 4h da manha do dia 27, viramos criancas, fizemos guerrinhas, rolamos, desenhamos, dançamos, tentamos dar vida a um boneco…

Presente diretamente do céu

Confesso que nos demais dias eu reclamei da bota molhada, da calçada escorregadia, da falta de onibus, do cancelamento das aulas, do casaco umido… mas na madrugada eu vi mais um espetaculo da natureza e vivi intensamente todo o sabor da neve! Nem o frio, nem o sono, nem o medo do resfriado me deteram! Presente caído do céu!

Fotos em: http://cid-3924b9c3726c9d09.photos.live.com/browse.aspx/Dia%20182%20-%20Dublin